domingo, 19 de dezembro de 2010

Agora…

Mário Hattos

Figurantes, figurinhas

Numa união sem nexo

Assustadas, coitadinhas

Tudo agora é complexo


Agora estão mansinhas

Em contraste com o começo

Já se foram as palmadinhas

Tudo agora é complexo


Suas caras sisudinhas

São consequência(zinhas)

Pela falta de arremesso


E se não há obrazinhas

P’rás pobres criaturinhas

Tudo agora é complexo.


31/10/2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

A “Árvore”

Álvaro Teixeira

Foi posta a semente na terra.
Nasceu um rebento: era a Árvore.
Com alguns cuidados, cresceu,
cresceu, tornou-se adulta.
Estava já apta a gerar vida,
Mas recusou-se a ser mãe.
“O buraco na camada do ozono;
A poluição na Terra, no ar e no mar;
O fabrico de armas químicas
e o poder nas mãos de loucos…”
Era o pessimismo.
Partir sem deixar descendentes
Seria um alívio, enquanto que deixando
filhos indefesos seria um pesadelo.
“Mas se alguém travar
esta corrida para o abismo?!”
Ficou indecisa.
“Não será irresponsabilidade não contribuir
para a continuação de vida na Terra?
Ia-se interrogando, enquanto que os frios
meses de Inverno davam lugar
a uma Primavera florida, linda, extasiante.
E os seus braços lá estavam,
Ainda pequeninos, os filhos,
Para garantirem a continuação de vida neste,
tão mal tratado, mas tão belo
pedacinho do Universo.

04-09-1990

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Misterioso e Revolto

António Teixeira (Chã-de Ribeiras)

Ó mar belo e perigoso,
Eu te peço por favor,
Não venhas cá fora de novo,
Não massacres mais o Povo,
Para não causares mais dor.

Não te posso censurar,
Por tua agitação ser feroz,
Por natureza és assim,
Capaz de causar o fim,
Sem te preocupares em nós.

O prejuízo que deste,
Em vidas e material,
Pudesses tu tê-lo evitado,
Pois tanto mal foi causado,
Por tua fúria infernal.

Serena-te ó mar infinito,
E não causes mais tristeza,
Não destruas mais a terra,
Pois já lhe basta a guerra,
Para perder a sua beleza.

O que aconteceu na Ásia
Provocou choro e ais,
Acalma-te ó mar revolto,
Em mil mistérios envolto,
Não faças ninguém sofrer mais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Rio

Jorge Pimentel

Oh! Água do Homem
Que galegamente mudas
As margens férteis do Minho
Saudade pura da tua lida.

Rompe a rivalidade da terra
Amaina as ervas e os rochedos
Que amas secularmente tuas,
Pois tranquiliza-o no ventre.

Não sofras com a inerte água
Dos teus dias, a demora
Do Bem que te vivifica.

Sê continuamente o marco
Que eleva o outro lado
Da margem obscura e oca.