domingo, 31 de outubro de 2010
Carta de poema
Jorge Pimentel
De Pessoa se corroe o Fernando
Num amor ofeliano do fingir
Se corre para o armazém
Vê-a e suspura do olhar
Se não dorme, escreve
Como doente à procura de cura
da indiferença, da solidão
E do Sentir mais uma noite amargurada
E intranquila que mata a faísca
Dum ego só, mudo, obreiro e cansado.
Vive a paixão da carta, do vocábulo
do fonema bé, ecoando no terno e carinhoso
espaço passionalmente nobre do diminutivo.
Na noitinha, no diinha, no minutinho, no segundinho,
Avança destemidamente para o lago
Das veias e artérias onde os pombos
Voam, rodopiam, voltam e revoltam,
Enquanto a névoa e a nuvem cobrem
A alma gentil que pertence a Outra
Lei e a uma Nova Ordem…
Para o Ortónimo
De Jorge Pimentel
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